Galeria Municipal do PortoGaleria Municipal do Porto

Programas
Galeria Digital do Porto
A Galeria Digital do Porto é um circuito de arte pública digital que convida a redescobrir a cidade interagindo com projetos artísticos.
Desafiando artistas, habitantes e visitantes a pensar a cidade a partir do cruzamento entre a sua existência material e os processos de digitalização e desmaterialização, este é um projeto do Município do Porto, coordenado pela Porto Digital e com a curadoria da Galeria Municipal do Porto / Direção de Arte Contemporânea da Ágora — Cultura e Desporto do Porto, E.M., S.A. Ao cruzar arte, tecnologia e território, esta iniciativa pretende ser um acelerador crítico da dinâmica urbana, mobilizando discursos sobre o presente e futuro da cidade para estimular uma reflexão coletiva sobre o espaço público contemporâneo.
 
Desde instalações de realidade aumentada e paisagens sonoras, a vídeo e arquivos fotográficos e sonoros, as diferentes obras são acessíveis através de dispositivos móveis, exclusivamente nos locais para as quais foram concebidos, e podem ser visualizadas 24 horas por dia, sete dias por semana.

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Sábado, 19 de julho, 18:00

Inauguração: Galeria Digital do Porto

Treze trabalhos habitam digitalmente a cidade, resgatando memórias, histórias e identidades, estimulando com isso outras perspectivas no dia-a-dia da cidade. A Galeria Digital do Porto procura fomentar o diálogo sobre o papel da arte pública digital e convida a percorrer a cidade para descobrir as intervenções artísticas de Cláudia Martinho, Diana Policarpo, Elisabete Sousa, Fá Maria, Francisco Pedro Oliveira, Jonathan Uliel Saldanha, Maria Constanza Ferreira, Mariana Caló & Francisco Queimadela, Ruca Bourbon, S4RA, Silvestre Pestana, Tiago Cadete e Vera Mota.
 
Local: Jardim de São Lázaro.

Fotografia: Silvana Torrinha

Paisagem Sonora Generativa

Pés na Terra - Cláudia Martinho

Neste ponto onde duas ruas se unem, a Rua de Santo André com a longa Rua de Santo Ildefonso (antiga Rua Direita), uma árvore solitária marca um lugar de reunião. Aqui, o convite é para nos sentarmos ao seu redor e escutarmos mais adentro no nosso corpo. Do mundo subterrâneo à atmosfera, a árvore, uma Magnólia, torna-se uma antena de captação e transmissão, axis mundi, para uma experiência sonora aumentada do nosso campo percetivo, revelando-se as múltiplas vozes e os ritmos orgânicos aí presentes. Abre-se um caminho sensorial, ampliam-se os sentidos, tornando o nosso corpo permeável e ressonante, para aprofundar a nossa presença, sintonização e pertença com o lugar.
 
No processo de criação da paisagem sonora generativa "Pés na Terra", combinaram-se diversos dispositivos de captação sonora e de transdução acústica, a sonificação de dados climáticos da rede de sensores, com análise de padrões e a sua evolução ao longo do tempo. Usam-se estas tecnologias digitais ao serviço da nossa presença participativa com os lugares, para expandir a nossa capacidade de escutar, sentir e vincular. A paisagem sonora leva-nos a uma experiência envolvente, afetiva e incorporada das variações ambientais (temperatura, humidade, pluviosidade, vento), sinais bioelétricos, padrões vibratórios, oscilações, qualidades e materialidades que nos passam desapercebidos no quotidiano e que nos integram à rede de vida que nos rodeia.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Cláudia Martinho (1977, Porto) é artista e investigadora, doutorada em Música — Arte Sonora (Goldsmiths, University of London, 2019), mestre em Ciência e Tecnologias de Acústica (Sorbonne, Paris, 2007) e licenciada em Arquitetura (FAUP, 2001). A sua prática cruza a arte sonora com a ecologia acústica e a arquitetura. Partindo da escuta imersiva e sintonização com o ambiente, procura criar ressonâncias entre as qualidades dos lugares e as suas comunidades, humanas e não-humanas. Cria composições, performances, instalações, intervenções no espaço público e facilita oficinas, para a sensibilização e reconexão da humanidade em pertença aos lugares do quotidiano e à rede de vida da Terra.
 
Localização
Procure o totem colocado no gaveto das Ruas de Santo André e Santo Ildefonso, junto à árvore.

Instalação de Realidade Aumentada

Sonho da Cidade-Máquina - Elisabete Sousa

"Sonho da Cidade-Máquina" é um portal sensorial entre realidades — uma instalação de realidade aumentada site-specific, que cruza vídeo, escultura digital e tecnologia aumentada para evocar um universo paralelo que coexiste, invisível, com a matéria da cidade. Neste projeto o Porto torna-se palco de sobreposições: seres híbridos, oriundos de uma outra camada de existência, projetam-se sobre os espaços físicos, ativando fissuras no tecido do real.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Artista multidisciplinar, Elisabete Sousa (1992, Santa Maria da Feira) dedica-se à criação de instalações que cruzam escultura, vídeo e tecnologia, explorando materiais orgânicos e a sua simbiose com o artificial. O seu trabalho navega entre a ficção científica e a construção de realidades especulativas, questionando as fronteiras entre o orgânico e o artificial, o físico e o virtual, o humano e o não-humano. A sua prática artística é uma constante exploração do "outro" — seja através da simulação, do alienígena, do cyborg ou de máquinas que, de alguma forma, se tornam orgânicas.
 
Localização
No cruzamento das Ruas do Bonjardim, de Sampaio Bruno, de Sá da Bandeira e Travessa dos Congregados, encontre o totem junto aos bancos de granito.

Paisagem Sonora, duração aprox. 10'

Cora - Diana Policarpo

"Cora" propõe a criação de uma paisagem sonora experimental a partir do mapeamento da Bacia Carbonífera do Douro, com especial foco em São Pedro da Cova. Este território, marcado pela extração mineira, contaminação ambiental e histórias de resistência, revela-se como um campo acústico povoado por vozes do subsolo, portadoras de narrativas invisíveis. A composição nasce de uma partitura elaborada a partir desse mapeamento — uma pauta visual e geológica que orienta os ritmos, texturas e camadas da peça. O território transforma-se, assim, num corpo vibrante, cujas cicatrizes ecológicas e ecos humanos são traduzidos para o plano sonoro.
 
O projeto funde sons gerados por fungos micorrízicos e plantas — captados por processos de bio-sonificação — com fragmentos de vozes humanas, criando uma composição que entende o som como gesto de escuta e de cuidado para com o solo. Fungos e plantas, enquanto agentes regeneradores de ecossistemas degradados através da micorremediação e fitoremediação, tornam-se também compositores invisíveis, traduzindo o subterrâneo em ritmo e frequência.
 
Trata-se de imaginar uma escuta partilhada entre organismos subterrâneos e corpos humanos, onde ouvir e curar o território contaminado se torna um ato conjunto. Os sons recolhidos evocam memórias de trabalho e resistência, sobretudo as de mulheres ligadas ao passado industrial da região. Esses elementos entrelaçam-se numa estrutura sonora contínua — uma partitura viva — que emerge do contacto entre organismos, território e tempo. "Cora" propõe, assim, a construção de uma escuta expandida e interespécie, transformando o espaço sonoro num abrigo — uma concha acústica onde reverberam histórias, pulsações e possibilidades de regeneração ecológica.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Diana Policarpo (1986, Lisboa) vive e trabalha entre Lisboa e Londres. É artista visual e compositora, atualmente a desenvolver a sua atividade artística entre as artes visuais, música eletroacústica e a performance multimédia. O seu trabalho investiga cultura popular, saúde, política de género e relações interespécies, justapondo a estruturação rítmica do som como um material tátil dentro da construção social da ideologia esotérica
 
Agradecimentos
Bárbara Ferreira, Eliana Canha Bento, Florinda Sousa, Joana Rafael, Maria Black Soares, Maria de Almeida, Maria Fernandes, Maria Rosa dos Santos, Maria Tagarela, Mariana Duarte, Museu Mineiro de São Pedro da Cova, Odete, Patrícia Lima, Paula Vieira, Quitéria Ferreira, Rebeca Pereira, Rita Barbosa, Rita Policarpo, Rosa Martins de Sousa, Rosalina Celeste da Silva, Vanda Oliveira, Xica Aires.
 
Localização
Na Praça da Trindade, nas traseiras da Câmara Municipal do Porto, em frente aos CTT, e procure o totem.

Instalação Audiovisual, duração aprox. 10'

Se A Minha Voz Falasse - Fá Maria

"Se A Minha Voz Falasse" é uma instalação audiovisual composta a partir de testemunhos de pessoas queer e trans sobre as suas vivências na cidade do Porto. Através da escuta, das palavras e da criação sonora, o projeto mapeia afetivamente as relações entre corpo, memória, identidade e espaço urbano, refletindo sobre a interseção entre vida noturna e diurna e os espaços físicos e digitais. A peça retrata um Porto histórico e contemporâneo, centralizando vozes e experiências queer e trans. As histórias do passado, do presente, bem como as projeções de um futuro desejado, cruzam-se para formar um mapeamento emocional, sensorial e político da cidade, onde cada voz, cada som e cada batida contribuem para mapear, física e digitalmente, um Porto queer e trans — por vezes invisível, mas influente na construção da malha da cidade.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Fá Maria aka HAUT é artista e compositor com uma prática que atravessa a composição musical, a instalação audiovisual e a investigação artística, explorando a interseção entre identidade, voz, tecnologia e corporeidade queer, criando obras que oscilam entre o íntimo e o político. Com um doutoramento em Artes Computacionais pela Goldsmiths, University of London, Fá Maria formou-se inicialmente em medicina trabalhando depois como psiquiatra antes de se dedicar totalmente à prática artística.
 
Participação
Allian Fernando, Fernando Moura (Nani Petrova), Maria Ferreira, Mauro Ventura, Odete, Roberto Figueirinhas (Roberta Kinsky), Rodrigo Affreixo.
 
Localização
Encontre o totem instalado junto ao semáforo em frente ao Coliseu Porto ageas.

Paisagem Sonora, duração aprox. 10'

Hidrografia Interior - Francisco Pedro Oliveira

"Hidrografia Interior" é uma paisagem sonora inspirada na antiga rede de abastecimento de água do Porto, com especial atenção na Arca de Água de Mijavelhas. A peça propõe uma escuta subterrânea e líquida da cidade, onde sons gravados e sintetizados se fundem num fluxo mais ou menos contínuo, evocando os caminhos ocultos da água, a sua memória e presença invisível mas latente e cutânea. Apresentada em formato digital, numa experiência binaural mediada por dispositivos móveis, "Hidrografia Interior" convida a uma escuta íntima e errante — como se o som escorresse de forma fluída para o ouvido.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Francisco Pedro Oliveira (1997, Santa Maria da Feira) é artista multidisciplinar, com um trabalho que se desenvolve entre o folclore e a exploração sonora. Atraído por diferentes linguagens, explora nos seus trabalhos noções sincretistas de espiritualidade através de diversas disciplinas, articulando som, escultura, pintura, fotografia e instalação. Em 2025, exibiu "Forma Primeira", a sua primeira exposição individual na Galeria Municipal do Porto. Em 2018 editou pela sua cofundada Edições Fauve, "On the Act Of Reminding", o seu primeiro disco. Integra projetos como Amuleto Apotropaico com António Feiteira, as Edições Fera Felina com Diana Lucena, e a plataforma curatorial Branda com Carlos Milhazes.
 
Localização
Procure o totem colocado junto ao jardim no cruzamento da Rua de Santos Pousada com a Rua de Fernandes Tomás.

Instalação de Realidade Aumentada

Archangel Protocol: Basilisk - Jonathan Uliel Saldanha

Emergindo do solo como um sinal encarnado, "Protocolo Arcanjo: Basilisco" ocupa o espaço público enquanto entidade ótica — parte sentinela, parte miragem. Construída em realidade aumentada e forjada em geometrias refletivas semelhantes a lâminas, a escultura evoca tanto a verticalidade da arquitetura sagrada quanto a tensão enrolada das criaturas míticas.
 
Esta não é um monumento, mas uma interface de transmissão — um protocolo que ativa a convergência entre lógica celestial e pavor subterrâneo. O "arcanjo" é uma inteligência sintética, um emissário tático codificado para vigilância, reverberação e transformação. O "basilisco", cujo olhar poderia petrificar, funciona como um sistema de alerta ótico: a escultura vê-nos tanto quanto é vista.
 
Em diálogo com a prática mais ampla de Jonathan Uliel Saldanha — onde sinal, ritual e sistemas especulativos se entrelaçam — esta obra apresenta-se como uma aparição espectral no espaço urbano. É simultaneamente interrupção e presença, estratificada na cidade como um fantasma encriptado. Através da sua lente aumentada, "Protocolo Arcanjo: Basilisco" reflete as geometrias assimétricas de um mundo em mutação: onde anjos usam espelhos, e monstros falam em código.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Jonathan Uliel Saldanha (1979, Paris) vive no Porto e é uma figura central na cena artística portuguesa, na música exploratória e na performance. Trabalha como construtor sónico e cénico, na interseção de som, gesto, voz, palco e filme, operando elementos de pré linguagem, coros ressonantes, percussão cíclica, sistemas cibernéticos, presenças insondáveis, pressão, memória tátil e alopoiese.
 
Equipa
Daniel Martins
 
Localização
No Jardim da Morêda, junto à entrada pela Rua da Firmeza, encontre o totem aí instalado.

Instalação de Realidade Aumentada

Alminha: An Ode to Lost Souls - Maria Constanza Ferreira

"Alminha: An Ode to Lost Souls" é uma instalação de realidade aumentada que reimagina os pequenos santuários encontrados à beira ao longo das estradas de Portugal. Estes espaços, simultaneamente públicos e íntimos, são dedicados às almas no purgatório, perdidas em trânsito ou suspensas entre mundos. São altares sagrados e quotidianos que servem como espaços devocionais onde os vivos oferecem orações, acendem velas e deixam flores, caracterizados como lugares liminares entre a vida, a morte e a paisagem.
 
Enraizados na doutrina católica, levantam questões: o que define uma alma perdida? Pode esta ser salva ou guiada? Como espaços de devoção doméstica, implicam uma "limpeza" espiritual. Tradicionalmente cuidados por mulheres, envolvem gestos como limpar, colocar flores e acender velas — semelhantes a rituais de manutenção de cemitérios.
 
Esta instalação insere uma "alminha digital" na paisagem do Porto. Mais do que um objeto de veneração, "Alminha: An Ode to Lost Souls" é um memento mori digital, uma pausa poética que reflete sobre perda, migração, deslocamento e a espiritualidade nas cidades contemporâneas. Um altar e um túmulo para ninguém em particular, mas para todos. Uma luz acesa pelos vivos para guiar todos os que estão a navegar no escuro.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Maria Constanza Ferreira (1994, Caracas) é uma artista venezuelana-portuguesa-americana, sediada no Porto. A sua prática combina filme experimental, fotografia, instalação e outros formatos, a partir dos quais explora imagens, objetos e narrativas que normalmente permanecem invisíveis. Explora a arte como meio de estudar práticas e memórias, testando os limites entre ciência e ocultismo, e refletindo sobre a forma como nos relacionamos com as paisagens culturais e materiais. O seu trabalho propõe novas formas de perceção, convocando camadas subtis da experiência sensorial, histórica e simbólica.
 
Equipa
Jack Gray - Artista 3D
Gonçalo de Jesus - Apoio RA
 
Agradecimentos
Beatriz Costa, Constança Pupo Cardoso, Maria Fátima Martins Oliveira, Sarah Turchin.
 
Localização
Na Rua de Alexandre Braga, encontre o totem instalado em frente à entrada do Mercado do Bolhão.

Vídeo, duração aprox. 20'

Cidade Delirium - Ruca Bourbon

"Cidade Delirium" propõe uma leitura fragmentada e sensorial da cidade do Porto, construída através de um entrelaçamento de técnicas visuais e temporais. A partir de material de arquivo da instalação "Criptoporto", de animações construídas com colagem, found footage da RTP Arquivos e gravações de campo, o projeto ensaia uma cartografia afetiva e distorcida do tecido urbano, onde o passado, presente e futuro se sobrepõem em camadas móveis e imprevisíveis.
 
A cidade é pensada não como um espaço fixo, mas como um organismo vivo — um corpo em constante mutação, memória e ruído. Através da manipulação algorítmica de imagens e da justaposição de registos históricos com fragmentos encontrados, cria-se uma experiência onírica que desafia a linearidade narrativa e a objetividade documental.
 
Mais do que representar o Porto, este vídeo tenta decodificá-lo: captar os seus ritmos dissonantes, as suas vozes escondidas, os seus fantasmas tecnológicos e mostrá-los como uma transmissão anómala. O espectador é convidado a habitar a cidade por breves instantes como se habitasse uma rêverie — confuso, incómodo e inevitavelmente delirante, através de uma lente alterada — uma espécie de segunda pele, que observa, interpreta e distorce.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Ruca Bourbon a.k.a. Doutor Urânio, nascido na Póvoa de Varzim, é artista plástico sediado no Porto. Licenciado pela Faculdade de Belas Artes do Porto, explora o fragmento, o desperdício e o obscuro, recombinando-os em múltiplos formatos, tais como a fotomontagem, a assemblage, a instalação ou a colagem sonora. É galerista e curador no Atelier Logicofobista, administrador do canal de Youtube Bazar Esquisito e professor de Artes Visuais no Estabelecimento Prisional do Vale do Sousa, Paços de Ferreira.
 
Equipa
Irish Faverio - Editor
 
Localização
Na Rua do Morgado de Mateus, junto ao parklet, encontre o totem aí instalado.

Arquivo Fotográfico e Sonoro

Desenhos, Táticas e Sinais, Uma Arqueologia Urbana - Mariana Caló & Francisco Queimadela

Paredes, postes, muros entre outras superfícies, fornecem-nos pistas sobre a vida na cidade, a marginalização, as injustiças sociais, as migrações, as guerras, assim como contêm alguns indícios de ativismo e preocupação por um mundo diferente. Nestas expressões podemos também encontrar táticas e mensagens de demarcação de território relativas a relações interpessoais de amor ou de poder. O desenho que surge no espaço urbano enquanto impulso identitário e ideológico, mas também enquanto gesto de apropriação de lugar, de resistência ou de extravasamento, é aqui colocado em observação e escuta enquanto objeto e artefacto.
 
"Desenhos, Táticas e Sinais, Uma Arqueologia Urbana" propõe uma análise às inscrições do grafismo urbano como vestígios arqueológicos, que se renovam com regularidade e revelam diferentes sentidos estéticos, com variações no estilo e tipos de representação, ao mesmo tempo que inscrevem mensagens, símbolos e imagens que, ainda que utópicos ou aparentemente contraditórios e disruptivos da ordem no espaço público, procuram muitas vezes um sentido pacificador, num movimento perpétuo de intervenção e desafio ao exercício da memória coletiva.
 
Neste arquivo fotográfico e sonoro, procurou-se dar um enquadramento possível dentro do imaginário urbano, a diversas expressões no contexto portuense, nos diversos elementos iconográficos, nas manifestações efémeras e grafismos circunscritos à área onde é possível aceder aos diferentes projetos da Galeria Digital do Porto.
 
Através deste levantamento fotográfico de grafismos, grafitos, retratos fragmentários e parciais do espaço urbano no centro da cidade, associados a fragmentos sonoros, é possível imaginar um percurso pedonal para aceder a expressões de origens diversas. Este mapeamento visual poderá sugerir ao pedestre um sentido de procura e descoberta pelas imagens e símbolos, resultando num processo de navegação e descoberta pelas superfícies táteis.
 
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Mariana Caló (1984, Viana do Castelo) e Francisco Queimadela (1985, Coimbra) licenciaram-se em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e colaboram enquanto dupla desde 2010. A sua prática é desenvolvida através de um uso privilegiado da imagem em movimento tanto através da realização de filmes, como na intersecção com ambientes instalativos e site-specific, em conjugação com desenho, pintura, fotografia ou escultura. O interesse pelo diálogo entre o biológico, o vernacular e o cultural são elementos recorrentes no seu trabalho artístico. Vivem e trabalham no Porto.
 
Localização
Procure o totem colocado junto ao cruzamento da Rua Doutor Alves da Veiga com a Rua de Fernandes Tomás.

Vídeo, duração aprox. 3'

Strong Hands - S4RA

A arquitetura sólida do Porto como suave recipiente de desejo & cuidado. utilizando a tecnologia para acionar uma coreografia de memórias através de ecos & falhas algorítmicas. como uma dança lenta, explorando a forma como o desejo se traduz em estética do trabalho emocional & transformar-se em ato de reverência, lentidão & vulnerabilidade que se recusa a afogar sob o capitalismo.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
S4RA é artista interdisciplinar que se alimenta de dinâmicas de poder con*sensuais & role play de género através de um processo híbrido narrativo pós-dramático entre animação digital & ambientes ( imersivos : ) também gasta horas intermináveis a passear pelos labirintos do pós-capitalismo & a sua influência no prazer libidinal.
 
Agradecimentos
Lili Seibert, Rita Roque
 
Localização
Na Rua 31 de Janeiro, junto aos bancos amarelos no topo da rua, encontre o totem aí instalado.

Instalação de Realidade Aumentada

Pólen R.A. - Silvestre Pestana

"Pólen R.A." apresenta as névoas da cidade do Porto que invocam uma densa humidade telúrica. A instalação de realidade aumentada apresentada é gerada simbolicamente pelo duplo exercício de fusão entre o gelo e o fogo, no extenso corpo térreo ciclicamente polinizado.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Silvestre Pestana (1949, Funchal) é um artista transdisciplinar. Tendo dado os primeiros passos nos anos 1960 como poeta visual, logo se afirmou como performer, pioneiro da videoarte e artista do ciberespaço. Pacifista convicto, dedicou largos anos ao ensino artístico público.
 
Localização
Encontre o totem instalado na Praça D. João I, junto ao cruzamento da Rua de Sá da Bandeira com a Rua de Passos Manuel.

Paisagem Sonora, 11 faixas, duração aprox. 5' cada

Passeio - Tiago Cadete

"Passeio" é uma situação sonora que acontece na Rua de Fernandes Tomás 760, no Porto. O projeto parte de depoimentos recolhidos neste mesmo local, por pessoas que habitam diariamente o espaço ou que estão apenas de passagem. O que se escuta entra em justaposição com o que se vê, e é nessa sobreposição temporal que "Passeio" opera — entre o real e o imaginado.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Tiago Cadete (1983, Faro), artista e investigador, desenvolve obras que exploram História, Memória, Identidade e Migração, com base em testemunhos reais. Nos últimos anos, tem aprofundado a linguagem das instalações sonoras, com destaque para os projetos MONUMENTO, MANJAR, BRASA, CICERONE e CORTEJO. Doutor em Artes, licenciado em Teatro e pós-graduado em dança, com percurso formativo entre Brasil e Portugal. É diretor artístico da Co-pacabana desde 2018, colaborando com artistas, instituições e comunidades em contextos diversos. A sua prática cruza criação, escuta e mediação, propondo experiências em torno da memória coletiva e das narrativas individuais contemporâneas.
 
Equipa
Criação: Tiago Cadete
Assistente de criação: Mariana Magalhães
Produção: Co-pacabana
Participação de: Adriana Sousa, Celeste da Silva, Chih-Chung Fang, Edumila Canhanga, José da Silva, Lucas Guttenberg, Peter Mcniff, Rafael Lages, Rosa da Fonseca, Salvador Gil, Teresa Madalena.
 
Localização
Na praceta da Rua de Fernandes Tomás, junto à Rua de Sá da Bandeira, encontre o totem instalado junto aos bancos de granito.

Instalação de Realidade Aumentada

Liminal Flesh - Vera Mota

"Liminal Flesh" propõe a transferência de métodos generativos do desenho para a linguagem digital, informando esse processo com as propriedades físicas e comportamentos dos materiais. A participação direta do corpo é substituída por instruções que operam ferramentas digitais; o gesto é codificado, transformado e multiplicado através de sistemas generativos, promovendo a modificação contínua de uma massa informe e rugosa.
 
Esta matéria mutante — que guarda simultaneamente o alicerce do gesto e a densidade de rocha vulcânica ou a viscosidade de tinta fresca — dialoga aqui com uma segunda entidade: uma forma esguia, rígida, metálica, que a atravessa como uma estrutura esquelética que sustenta músculos em desordem.
 
Através da realidade aumentada, "Liminal Flesh" manifesta-se como uma presença suspensa, inscrevendo-se no espaço do Jardim de São Lázaro sem nele se fixar. O jardim, tradicionalmente associado à contemplação e à regência natural, é aqui reprogramado como palco de uma aparição instável, onde os sentidos são solicitados a renegociar os seus próprios parâmetros de perceção.
Mais informação: galeriadigital.porto.pt

Bio
Vera Mota (1982, Porto) é licenciada em Artes Plásticas — Escultura (2000-2005) e mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas (2006-2008), pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. A sua prática artística revela-se sobretudo através da escultura, desenho e performance. Com apresentações públicas regulares desde 2003, o seu trabalho convoca uma forte componente material, enquanto afirma o corpo como agente indispensável. No âmbito de exposições e programas de performance, o seu trabalho foi apresentado no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Galeria Municipal do Porto; MACE — Museu de Arte Contemporânea de Elvas; Matadero (Madrid, Espanha); SESC (São Paulo, Brasil), entre outros.
 
Localização
Na entrada do Jardim de São Lázaro situada na esquina da Praça dos Poveiros com o Passeio de São Lázaro, encontre o totem instalado à direita do portão.

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