Gineceu+Estigma
Com raízes nos Jardins do Palácio de Cristal, Gineceu+Estigma aborda o fantástico mundo da botânica, cruzando pensamento científico, artístico, filosófico, espiritual e ecológico com abordagens em que os saberes académicos, artísticos e empíricos se cruzam e complementam.
Gineceu+Estigma propõe conversas, workshops e percursos interpretativos do jardim realizados por educadores, investigadores e artistas convidados.

Sábado, 1 de julho, das 10h às 16h
Serpentesse: workshop com Chiara Camoni
Chiara Camoni conduziu um workshop de impressão sobre seda natural, com recurso a plantas e flores colhidos pelos participantes, orientando diálogos e conversas sobre elementos do seu trabalho, oferecendo possíveis interpretações e reflexões.
Com o tempo, as plantas deixaram marcas na seda, criando padrões e desenhos e revelando elementos inesperados. Estas imagens são conhecidas em diversas culturas como elfos, fadas ou xapiris, e representam os espíritos da natureza, enfatizando a sua importância no cuidado e na relação com o meio ambiente.
Chiara Camoni (1974, Piacenza) é uma artista sediada em Fabbiano, Alta Versilia. Trabalha com desenho, impressões de plantas, vídeo e escultura, principalmente com cerâmica. As sua obras são frequentemente criadas através de colaborações com amigos e familiares, em grupos espontâneos ou em seminários e oficinas organizadas. Recentemente, Camoni tem trabalhado em colaboração com Il Centro di Sperimentazione, explorando diversas formas de autoria compartilhada, e, com Cencilia Canziani, organizou o ciclo de conferências La giusta misura [The right measure]. Algumas das suas exposições recentes incluem Hic sunt dracones na GAM, Turim (2022-23), Persones Persons, na 8ª Biennale Gherdëina, Val Gardena (2022) e LA DISTRUZIONE BELLA no SpazioA, Pistoia (2022).
Com o tempo, as plantas deixaram marcas na seda, criando padrões e desenhos e revelando elementos inesperados. Estas imagens são conhecidas em diversas culturas como elfos, fadas ou xapiris, e representam os espíritos da natureza, enfatizando a sua importância no cuidado e na relação com o meio ambiente.
Chiara Camoni (1974, Piacenza) é uma artista sediada em Fabbiano, Alta Versilia. Trabalha com desenho, impressões de plantas, vídeo e escultura, principalmente com cerâmica. As sua obras são frequentemente criadas através de colaborações com amigos e familiares, em grupos espontâneos ou em seminários e oficinas organizadas. Recentemente, Camoni tem trabalhado em colaboração com Il Centro di Sperimentazione, explorando diversas formas de autoria compartilhada, e, com Cencilia Canziani, organizou o ciclo de conferências La giusta misura [The right measure]. Algumas das suas exposições recentes incluem Hic sunt dracones na GAM, Turim (2022-23), Persones Persons, na 8ª Biennale Gherdëina, Val Gardena (2022) e LA DISTRUZIONE BELLA no SpazioA, Pistoia (2022).

Sábado, 1 de julho, às 17h
Lançamento do livro Serpentesse + conversa
Serpentesse é um som que antecede as palavras, repetindo a voz daquilo que chama. Surge do atrito, do deslizamento e da vibração do mundo, capturando o sopro da vida que passa por ele.
Serpentesse é também uma publicação editada pela a+mbookstore, com o apoio do GAM - Galleria Civica d'Arte Moderna e Contemporanea, em Turim. Inclui mais de 20 anos de trabalho de Chiara Camoni, com mais de 200 fotografias das suas obras e instalações, assim como 10 secções focadas na exploração de aspetos processuais e performativos. O livro inclui 11 textos escritos por artistas e curadores que apresentaram seu trabalho internacionalmente, juntamente com um extenso ensaio introdutório de Elena Volpato, a editora do livro.
O lançamento do livro incluiu uma conversa entre Elena Volpato e Chiara Camoni, com a moderação de Matilde Seabra.
Serpentesse é também uma publicação editada pela a+mbookstore, com o apoio do GAM - Galleria Civica d'Arte Moderna e Contemporanea, em Turim. Inclui mais de 20 anos de trabalho de Chiara Camoni, com mais de 200 fotografias das suas obras e instalações, assim como 10 secções focadas na exploração de aspetos processuais e performativos. O livro inclui 11 textos escritos por artistas e curadores que apresentaram seu trabalho internacionalmente, juntamente com um extenso ensaio introdutório de Elena Volpato, a editora do livro.
O lançamento do livro incluiu uma conversa entre Elena Volpato e Chiara Camoni, com a moderação de Matilde Seabra.

21 de julho, às 19h00
Artist talk: A Carne dos Baldios, com María Auxiliadora Gálvez
No dia 21 de julho, no âmbito do workshop Into the Wild, a arquiteta Maria Auxiliadora Gálvez apresentou, numa conferência aberta ao público, o seu trabalho recente desenvolvido no âmbito da "Plataforma Somática para Arquitetura e Paisagem" (PSAAP).
A conferência abordou a relação entre corpos e cidades a partir da experiência do projeto "Wastegrounds. Walking the Revolutionary Landscapes in the Somatic City", apresentado em formato de livro, intitulado DESCAMPADOS, em 2022.
Ao longo da apresentação foram abordados percursos, happenings, instalações e performances ocorridos sobretudo entre 2015 e 2020, mas também projetos relativos à Cidade Somática: uma entidade urbana capaz de assumir nos seus sistemas e materialidade as vicissitudes ecológicas e sociopolíticas de múltiplos corpos. Basta imaginar uma narrativa em que algumas pessoas caminham à volta de uma das mais importantes auto-estradas de uma cidade ocidental. Dia após dia, em diferentes estações do ano, observando, sentindo nos seus corpos a morfologia da cidade e a sua composição, que é também a sua composição.
No centro desta abordagem está o laboratório somático, o instrumento de pesquisa, descoberta, aprendizagem e criação do PSAAP, que María Auxiliadora tem vindo a desenvolver com instituições culturais, centros de arte e escolas de arquitetura ou dança.

20, 21, 22 e 23 de julho
Workshop INTO THE WILD – Um guia para os corpos e a cidade que eles criam, com María Auxiliadora Gálvez
O fluxo de dados que atravessa os nossos corpos é maior do que a nossa consciência consegue processar. As palavras não são o principal meio de comunicação quando estamos na natureza. Em vez disso, os nossos corpos aprendem a reagir ao ambiente, tornando-se mais conscientes de uma ecologia do sensual, prestando atenção ao que está em contato com a nossa pele.
Os nossos sistemas de cognição não-consciente estabelecem um fluxo contínuo de trocas e reações com o ambiente e com os nossos companheiros cognoscentes, como os animais e as plantas. Os marcadores e processos somáticos podem revelar uma consciência corporal alternativa e as imagens corporais que lhes estão associadas, capazes de alterar a nossa perceção, mas também o significado que damos às nossas experiências. O resultado é uma reformulação das fronteiras e da definição de corpos e ambientes. A natureza selvagem emerge neste workshop a partir de uma perspetiva diferente sobre os nossos corpos urbanos, e estes corpos constroem uma outra cidade.
O workshop dividiu-se em três fases desenvolvidas nos Jardins do Palácio Cristal e nos seus arredores: Jardim Noturno, Corpo de Animal e Corpos em (E)Fusão.
No contexto deste projeto, Maria Auxiliadora Gálvez apresentou ainda uma artist talk no dia 21 de julho, às 19 horas, nos Jardins do Palácio.
No contexto deste projeto, Maria Auxiliadora Gálvez apresentou ainda uma artist talk no dia 21 de julho, às 19 horas, nos Jardins do Palácio.

12, 13, 14 e 15 de outubro
Como olhar para trás, por cima, por debaixo e do avesso - Workshop de fermentação, com Inês Neto dos Santos
Este workshop visa pensar as possíveis dimensões de uma prática artística profundamente enraizada no seu entorno, neste caso dos Jardins do Palácio de Cristal. Quais as dinâmicas e vivências de seres e elementos para além de nós próprios? O que acontece quando ruímos as paredes de cimento que nos rodeiam, e desaceleramos o passo? De que forma é que, ao olhar não só em frente, mas também para trás, por cima, por debaixo e do avesso, poderemos recuperar relações ecológicas ancestrais? Quais as possibilidades digestivas de um lugar - e de que forma é que a digestão nos aproxima do mesmo?
Através de caminhadas colectivas, exercícios de observação, performance, respiração, escrita automática e fermentação, iremos investigar e propor possibilidades empáticas com o que nos rodeia. Descartando a superioridade humana que caracteriza o Antropoceno, enraizar-nos-emos na paisagem que nos acolhe, de encontro à sua inerente abundância. Este workshop rejeita, assim, o pensamento capitalista da escassez – hierárquico, extractivista e linear –, para adotar uma perspectiva simbiótica, horizontal e multiespécie em todas as direcções.
Integrado neste workshop, o primeiro dia incluirá ainda uma artist talk pela artista Asunción Molinos Gordos.
Integrado neste workshop, o primeiro dia incluirá ainda uma artist talk pela artista Asunción Molinos Gordos.

Quinta-feira, 12 outubro às 19 horas
Artist talk: IN TRANSIT (Botany of A journey), por Asunción Molinos Gordo
A artista Asunción Molinos Gordo partilhará as ideias por detrás do seu projeto que cruza Arte, Ciência e Ecologia, e que consiste num jardim global cultivado a partir das sementes ingeridas por culinárias diversas, e que viajam nos corpos da diversificada população do Dubai.
O tomate, a beringela e o quiabo são alguns dos alimentos que consumimos, cujas sementes são ingeridas sem mastigação. Dadas as suas características, as enzimas digestivas não os podem danificar, sendo por isso expelidas intactas, podendo ser germinadas. Em colaboração com as estações de tratamento de águas residuais locais, esta possibilidade viabiliza novos futuros que contribuem para a renovação de desperdícios produzidos diariamente.
O tomate, a beringela e o quiabo são alguns dos alimentos que consumimos, cujas sementes são ingeridas sem mastigação. Dadas as suas características, as enzimas digestivas não os podem danificar, sendo por isso expelidas intactas, podendo ser germinadas. Em colaboração com as estações de tratamento de águas residuais locais, esta possibilidade viabiliza novos futuros que contribuem para a renovação de desperdícios produzidos diariamente.
Asunción centrar-se-á neste trabalho que foi concebido como um jardim ruderal — que os ecologistas definem como a capacidade de prosperar apesar das condições difíceis —, refletindo sobre as ideias de globalidade, interconectividade, mobilidade e coabitação.

Sábado, 21 de outubro às 15 horas
INTO THE WILD: Sessão de encerramento
No seguimento do workshop INTO THE WILD – Um guia para os corpos e a cidade que eles criam, desenhado por María Auxiliadora Gálvez, o projeto é agora apresentado em formato publicação-guia.
Da mesma forma que a proposta procurou refletir a somatização dos nossos corpos perante os diversos fluxos que nos rodeiam, este guia apresenta-se como uma súmula das diferentes experiências que daí resultaram.
No sábado, dia 21 de outubro, María Auxiliadora Gálvez e as pessoas participantes reúnem-se num encontro aberto ao público nos Jardins do Palácio – local onde o projeto de quatro dias se iniciou –, para dialogar e partilhar algumas das memórias e apresentar diferentes caminhos para os corpos se orientarem na paisagem.